O peso da carne e o fervor de servir a Cristo
Minha carne não dava conta da quantidade de serviço que desejava oferecer para Cristo. Tinha que por causa dela interromper, dormir, ela me pesava e cansava. Era sem dúvida um fator limitante ao meu espírito imortal ávido em servir a Deus. O espírito em si não tinha limitações e eu sentia frustração dada a constante luta para criar mais tempo para sua obra. Cheguei a me sentir continuadamente cansada dispondo da minha carne para que me servisse o máximo possível.
Um dia ao conversar com a babá devota ela comentou se sentir exatamente da mesma forma ao ponto de não conseguir rezar como gostaria ao se deitar para dormir.
Eu estava a compreender que era Jesus mesmo a colocar aqueles desejos ardentes em nossos corações. E que por ser tudo obra sua deveria então encontrar paz naquele quesito da minha vida também.
O vício do cigarro
Fumar possui um aspecto espiritual. A primeira vez que fumei tinha 18 anos. Segui durante anos desejosa de parar. Por vezes conseguia, mas retomava. A luta era grande. Nas primeiras cirurgias fumei como autopunição, me vitimizava.
Fumar é um caminho perigoso, pois se começa por um motivo qualquer e quando se assusta se está fumando por diversos outros até que tudo gire ao seu entorno.
Havia deixado de fumar há mais de um ano e foi mediante a tensão de oferecer o testemunho em público que cedi ao pensamento que “apenas um não teria problema”.
Mas teve sim, pois a partir do primeiro vieram o segundo e o terceiro e em pouco tempo estava fumando uma quantidade maior em vista de afugentar sentimentos que se tornaram cada vez mais intoleráveis. Encontrava-me não dando mais conta de encaminhar questões emocionais que antes conseguia, estando nitidamente alterada não apenas em função do vício, mas dos aspectos espirituais que o acometem por detrás.
Lutas contra o vício
O período que se seguiu foi de lutas para interromper o que havia começado. Não bastasse o cheiro do cigarro, havia o incômodo de quando as pessoas me abraçavam (no lugar de a Jesus e Maria) eu estar oferecendo-lhes este contra-testemunho.
Dias passaram e os prejuízos começaram a se fazer em meu corpo. O hábito do cigarro afeta degenerando as vias aéreas. Tudo se fazia motivo para que interrompesse.
Mas a luta antes de se dar sobre a carne, se dava sobre o espírito, e a isto sujeitei a Jesus fazendo-lhe promessas que descumpria numa grande tentativa de alcançar a libertação.
Algum tempo se passou até compreender o quando satanás era ardiloso. Havia se infiltrado a partir de uma brecha encontrada em mim - os sentimentos adversos de alegria e medo frente ao primeiro testemunho - e a partir dali teceram seus desfechos contra minha vontade.
Compreendi que mediante o testemunho, se eu houvesse oferecido minha vontade para Deus sem desejar controlar a situação nada daquilo haveria acontecido, pois haveria sido Deus a tomar frente em tudo que diria respeito a mim e aos demais.
No fundo comprovava o aprendizado quanto à vigilância que devia aos próprios atos interiores para não ser presa de ataques espirituais.
Nas teias do inimigo
O processo desencadeado em mim por satanás foi lento e gradativo. Fui aos poucos deixando de realizar as estimadas atividades cristãs e de estar ao longo do dia com a mente em Deus. Nas suas investidas fazia surgir em minha mente sugestões de abandoná-las por não serem tão necessárias e que seria apenas por um dia.
Além de ceder nas disciplinas cristãs e me distanciar de Deus, surpreendi-me com o quanto estava emocionalmente frágil e susceptível. E quanto mais desejava tomar controle da situação voltando a atuar emocionalmente como antes, menos conseguia. A teia feita pelo inimigo estava armada e era difícil sair dela.
O vício possui um elo espiritual que é importante saber para se conhecer quem são os verdadeiros inimigos visíveis e invisíveis e podermos assim lutar de frente.
Um dia senti desconforto espiritual semelhante ao do período da depressão pós-parto com opressão no peito, perda de ar, arritmias cardíacas e falta de controle sobre o corpo. Havia chegado no meu limite e, antevendo os impasses de um ciclo ainda pior, roguei a Jesus que me libertasse.
Segui pedindo-lhe libertação quando noutro dia me fez sentir terrível mal-estar de escassez de oxigenação pulmonar aliado à certeza que fazia-me experimentar idêntico a um corpo que abusara cronicamente do cigarro. Sabia que Jesus conduzia aquele processo do meu físico e de minha alma oferecendo-me motivos mais que suficientes para, uma vez liberta, jamais voltar a fumar novamente, como de fato se deu.
Ataques espirituais para escrever
O curso dos ataques espirituais também se deu relacionado à escrita deste livro. Prisioneira, sentia o corpo cansado e desanimado em envidar maiores esforços. Os pensamentos surgidos tratavam de desanimar-me retirando o mérito espiritual do mesmo, desmerecendo-o ou lançando-me à condição de indignidade.
Muito caminhei até perguntar para Deus se era do seu desejo que escrevesse sobre os afrontes do inimigo que se relacionavam à alma humana e, mais especificamente, sobre esta dificuldade minha de perseverar na escrita.
Percebia que o desejo de evitar estas linhas devia-se à vaidade* que tive que renunciar ao perguntar para Deus se ele desejava que oferecesse aos irmãos tais testemunhos dos ataques espirituais associados a uma vida viciosa.
A resposta de Deus veio através de uma passagem da A Verdadeira Vida em Deus em que a escritora se depara com idênticas dificuldades. Esta me mostrou que até isto obedecia ao plano de Deus de me formar a partir de experiências espirituais as quais todos estão sujeitos e que, outra vez mais, as lentes deveriam ser bem ajustadas para que visse onde repousavam as falhas: no espiritual, o qual deveria combater veementemente à luz da vitória que já tem Cristo.
“Vassula: (Hoje, Satanás ficou desesperado e tentou firmemente convencer-me de que todas essas Mensagens nada são, e que eu deveria abandonar os escritos e os encontros com Deus pela escrita. Eu precisava de encorajamento, pois minha fraqueza arrastou-me para baixo, para o fundo. Ao perceber minha fraqueza em duvidar, também temo que no fim Deus Se canse de mim e perca Sua Paciência.)
Jesus: Flor, não tenhas medo de Mim, não te machucarei nem te rejeitarei; não te trouxe a Mim para agora te afastar ou mostrar-te qualquer ira ou dureza; formei-te com ternura e amor; guiei-te com amor, alimentei-te com amor, trabalhei suavemente contigo; não tenhas medo de Mim; vem, aprende que sou Manso e Meigo; a Paz esteja contigo, alma; Eu te amo. (Mensagem de 30 de março de 1988 da Verdadeira Vida em Deus)
Nota:
*Do ego.
Jesus é o remédio para tudo
Um amigo perdera o irmão há pouco tempo e sofria muito. Fazia uso de remédio psiquiátrico. Disse não haver brigado com Deus, mas que estava achando difícil por não haver vivido internamente o luto.
Na ocasião, escrevi para ele assim:
“O que tenho a dizer é que Jesus é o remédio para tudo. Para todo e qualquer mal que você imagine que possa afligir os homens em todos os tempos.
Esta certeza ele me deu através da minha própria caminhada e das aflições que vejo as pessoas ao meu redor vivendo. Para todas elas, estou certa de existirem as curas dentro da caminhada cristã.
O conhecimento de Cristo e do caminho que ele quer que aprendamos a seguir com sua presença é a cura para todos os males, inclusive para a morte.
Isso é apenas e, ao mesmo tempo, tudo o que consigo te responder.
Mas o caminho até Deus é difícil, não conseguimos percorrer sozinhos pelo fato de nunca o havermos feito antes. Além de ser interno. Para tal temos um guia que é ele mesmo. É ele quem saberá mostrar-nos quais passos deveremos dar no sentido de uma união mais profunda com ele.
Por isso temos que nos entregar inteiramente em suas mãos. Nisto entra a fé e a confiança de estar nos entregando ao maior e melhor guia de nós mesmos que poderíamos ter: Jesus.”
Surpreendi com a força do conteúdo que havia escrito. Aquilo era para mim uma verdade perfeitamente compreendida: Jesus era o remédio para todo e qualquer mal que atinge em todos os tempos cada indivíduo e a humanidade inteira.
Não havia nada que não pudesse ser curado pelo conhecimento e seguimento de Cristo.
Mas de que forma se pode compreender Jesus como remédio?
Os passos pela caminhada a qual ele convida é todo um remédio, um caminho de cura, transformação e libertação da velha forma de ser para uma totalmente nova.
O reconhecimento dele como único dono e Senhor de nossas vidas. O abandono e obediência a ele de todos os pensamentos, sentimentos e atos esvaziando-se do próprio eu para ocupar-se apenas de suas causas no tempo presente. Fazer tudo com primor a ele oferecendo, permitindo ser por ele preenchido e lapidado. Viver por amor a ele e a sua obra, confiando na providência divina para o amanhã e sustentando-se pela fé em sua condução, graças e desígnios constituem juntos a cura para todos os males de todos os tempos.
Males físicos, espirituais, emocionais e até para a morte (de si e de outro).
Afinal, para que temer a morte quando se encontrou Cristo em vida, bem como a eternidade da alma, e se dedicou ao seu Reino?
E quanto à morte de alguém, para que o desalento se encontra-se diante daquele que, imortal, é de todos o salvador?
continua ...